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Florestan Fernandes

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Florestan Fernandes, no texto “A formação política e o trabalho do professor” (1989), reflete sobre o papel político do professor na transformação e desenvolvimento da sociedade, na reforma social ou até mesmo, na manutenção da ordem vigente. Para isso, o sociólogo organiza sua reflexão em torno de três eixos, sendo o primeiro os diferentes papéis que a escola e o professor assumiram até hoje. No período colonial transferiu-se o que existia em Portugal para cá, mas não foi realizada a transição para que o país aprendesse a gerar uma tradição cultural organicamente. Em vez disso, criou-se um elitismo cultural em torno das escolas e universidades, cuja democratização não ocorrera nem na República, já que, mesmo nessa sociedade, que “era uma sociedade que precisava do intelectual”, o interesse em torno dele se resumia a sua vinculação à atividade administrativa, “o próprio professor interessava à medida que era um agente puro e simples de transmissão cultural. Sua relação com o estudante não era sequer uma relação criadora” (p. 121). Posteriormente, intelectuais acreditavam que a mudança social era possível pela ação direta na sociedade, descolada da educação e do papel político do professor.

O autor discorda ao abordar o segundo eixo da reflexão: a educação numa sociedade em desenvolvimento, com graves contrastes e desigualdades. Para o autor, a ação para mudança que gera desenvolvimento social não se dá diretamente na sociedade, mas na educação - que não deve ser afastada de seu caráter político, pelo qual é capaz de transformar ou manter a ordem social. E, essa cultura cívica (terceiro eixo da reflexão) é "algo que a sociedade toda está construindo, nas piores condições possíveis" p. 128, pois o professor tem a responsabilidade de lutar contra brutalidade de uma sociedade que desvaloriza o trabalho intelectual e desumaniza alunos. Seu papel é “deslocar uma reflexão utópica abstrata para um circuito realista, ou seja, transformar teoria em prática” p. 139 Ao criar uma cultura cívica, pelo potencial transformador da educação política em duras realidades, é que se humanizam alunos e professores para o desenvolvimento da mudança social.

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