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Diário de Classe da Pandemia - Dia 10

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"Assim que o isolamento social foi institucionalizado aqui no estado de SP, a escola – particular – em que trabalho antecipou as férias de julho para abril. Já vinhamos num processo de implementação de uma plataforma digital (Microsoft Teams), e essas férias serviram pra finalizar este processo. O retorno às aulas exigiu, de um ponto de vista prático, um novo letramento coletivo. Alunes com intimidade às redes sociais descobriram-se com dificuldade às voltas com o simples envio de um e-mail. Nós, que aprendemos a conduzir a sala sentindo-a com os olhos, agora estávamos diante de uma plataforma onde alunes são uma sigla num fundo preto, mas com a capacidade de “mutar” e expulsar os colegas da sala. O passar das semanas viabilizou esse novo letramento, mas desanuviou o pior: não há um processo educacional efetivo em curso. A manutenção da exigência das notas e do conteúdo transformou essa ferramenta de “ensino híbrido” num suplício enfadonho para crianças e adolescentes que tinham na escola todo seu locus de sociabilidade, assim como destroçou nossa capacidade de estimulá-los pra além do mero despejo de informação. No meu particular caso, enquanto professor de Geografia, ainda encontro os momentos pra articular o contexto global e nacional ao conteúdo, mesmo que em formato de monólogo, porém, sem perder de vista a pressão da direção, nos lembrando cotidianamente que “agora a escola está em nossas casas, portanto cuidado com os pais, já que eles estão procurando motivos pra se tornarem inadimplentes!”. É a miséria. Não há escola fora da escola, por mais críticas que a ela tenhamos e saibamos da necessidade de repensá-la. A escola é um Lugar e, como tal, só existe fora de si na saudade."

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